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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

CAIO E O DRAGÃO DOURADO - Parte 3

CAIO E O DRAGÃO DOURADO (Parte 3)


Eles já haviam cavalgado por algumas horas, quando, de repente, Caio fez um sinal para o cavalo parar. Virando o rosto para trás, disse a Camilo:

– Olhe só para o chão: pegadas... Nosso dragão esteve aqui, e não faz muito tempo. Quer mesmo continuar, ou prefere desistir?

Camilo não respondeu, e Caio desceu do cavalo para observar melhor as enormes pegadas do animal. Quando ia tornar a montar, notou certa apreensão no rosto de Camilo. Para deixá-lo mais à vontade, exclamou:

– Não me diga que nosso pequeno herói está com medo de um dragãozinho de nada! Pensei que fosse mais corajoso!...

Quando os olhos de Camilo se encheram de lágrimas, Caio arrependido de ter feito o gracejo, desculpou-se:

– Ei, foi só uma brincadeira! Não precisa chorar. Sei que é corajoso. Talvez seja por isso que eu goste tanto de você.

As palavras de Caio não foram suficientes para impedir que o rosto de Camilo se banhasse em pranto. Era um choro silencioso, sem soluços, nem lamentações.

Caio percebeu que só havia um modo de alegrá-lo. Começou a cantar:

“Você é criança,
A esperança
De um mundo melhor...

Eu sou um adulto,
Ainda puro;
Um dos poucos que há...

Nós dois unidos
Espalharemos
Confetes de Luz
E Paz...”

Caio não se enganara; a canção fez Camilo enxugar as lágrimas, e voltar a sorrir. Caio também sorriu; a simples presença do garoto tinha o poder de deixar seu coração mais leve, apesar do terrível crime que ele estava prestes a cometer.

Os dois não seguiram viagem. Caio fez uma fogueira para esquentar um pouco da comida que havia levado, e para aquecê-los durante a noite. Receando que o dragão aparecesse e os surpreendesse enquanto dormiam, ele passou a noite toda atento; embora os seus olhos se fechassem de vez em quando, os seus ouvidos continuavam bem abertos.

Camilo, por sua vez, não parecia guardar em seu coração o mesmo receio, porque dormiu feito uma pedra a noite inteira.

Continua...

Sisi Marques

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