Era uma vez um garoto
muito mau. Ele era briguento, não respeitava ninguém e maltratava os animais. Sua
diversão favorita era amarrar latas no rabo de gatos e cachorros. Ele dizia que
adorava o estardalhaço que eles faziam.
Certo dia, ele teve um
sonho estranho. Ele sonhou que havia morrido e fora parar no céu dos animais.
Quando um cachorro enorme vestido de anjo foi ao seu encontro, ele perguntou:
“O que estou fazendo aqui?!... Embora eu adore me divertir, eu prefiro ir para
o lugar onde ficam as pessoas.”
O cachorro vestido de
anjo respondeu: “Você está tendo a oportunidade de se desculpar com os animais
que prejudicou.” O garoto soltou uma gargalhada antes de dizer: “Você deve
estar brincando!... Se eu tivesse prejudicado alguém, eu até poderia pedir
desculpas, se quisesse!... Mas eles não são gente, são animais. São apenas
cachorros e gatos!... Você é apenas um cachorro, e eu não perderei o meu tempo
com você. Por que você não tira essa fantasia e vem brincar comigo?!... Onde
está o seu dono, cãozinho?!...”
O cachorro vestido de
anjo não se sentiu ofendido com as provocações. Sem alterar o tom de voz, ele
disse: “Ria, você pode rir à vontade, garoto!... Você não morreu. Saiba que
isto é apenas um sonho. Mas, antes de acordar, você sentirá na pele todo o
sofrimento que causou aos animais.”
O garoto teve que se
calar, porque a nuvem que havia sob seus pés abriu-se, e ele começou a cair.
Durante a queda, ele ficou alarmado ao perceber que o seu corpo, lentamente, assumia
a forma do corpo de um cachorro. Ele gritou. Gritou por socorro. Gritou por
clemência. Pediu perdão a todos os animais que havia prejudicado. E continuou
gritando, desesperado.
O garoto só parou de
gritar quando ouviu a voz de sua mãe, pedindo-lhe que se acalmasse. Ele ficou
pensando, pensando... Ele se perguntava se aquele sonho havia sido um pesadelo
ou uma advertência. Se tivesse sido apenas um pesadelo, certamente, não teria
sido tão vívido, tão real!... Ele começou a acreditar que aquele sonho tinha
sido um aviso para que ele refletisse sobre sua conduta inadequada.
Quem me contou essa
história estava com pressa, porque precisava pegar o ônibus e não teve tempo de
dizer se o garoto passou a tratar os animais com gentileza. Eu espero que o
garoto tenha seguido a intuição e tenha aprendido a respeitar não só os animais
mas também as pessoas.
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