CAIO E O DRAGÃO
DOURADO (Parte 7)
Após passar uma
semana na companhia de Camilo e Raio de Sol, Caio decidiu voltar ao palácio da
princesa Cândida para dizer-lhe:
– É exatamente como
eu suspeitava: o dragão é manso. Se ele reage quando o importunam, é apenas
para se defender.
A princesa respondeu
com frieza:
– Se o dragão é tão
manso quanto você diz, o que ficou fazendo você esse tempo todo que não aproveitou
a oportunidade de cortar-lhe a cabeça, e trazê-la para mim?
Atordoado, Caio
replicou:
– Creio que não
entendeu o que eu...
Sem deixá-lo
terminar, a princesa disse:
– É evidente que
compreendi. Você é que parece não querer se casar comigo. Não se lembra de
quando me prometeu que não pouparia esforços para satisfazer o meu menor
desejo?!...
Caio, transtornado ao
perceber que por trás da repentina doçura de Cândida não havia amor e sim o
desejo de manipulá-lo, perguntou-lhe:
– O que é mais
importante para você: casar-se comigo ou ter a cabeça do dragão dourado
pendurada na parede do seu quarto?
– Por que escolher
quando posso ter os dois: você e a cabeça do dragão?!...
Caio não gostou do
que ouviu. Foi só naquele instante que percebeu o quanto havia se enganado em
relação aos seus sentimentos por Cândida. O amor, como uma ave sem rumo,
parecia ter partido, e deixado o coração de Caio no mais completo abandono.
Sem dizer uma
palavra, Caio virou-lhe as costas e caminhou em direção à porta. Antes de
partir, ele pôde ouvi-la dizer:
– Se não quer o meu
amor, não terá mais nada! Todos os seus bens serão confiscados, e o meu coração
pertencerá àquele que tiver a coragem de fazer o que você deveria ter feito.
A esmagadora certeza
de que Raio de Sol corria perigo preencheu o vazio no coração de Caio. Era
difícil de explicar como, de um momento para outro, ele começara a sentir tanto
carinho pelo gigantesco animal.
Quando Caio retornou
à caverna onde o dragão se escondia, disse a Camilo:
– Precisamos partir
imediatamente. A princesa Cândida e eu desmanchamos nosso compromisso, e receio
que ela desconte toda a sua ira em Raio de Sol. Ela sabe que esse seria o único
modo de me atingir.
Camilo não disse
nada. Parecia preocupado.
Caio, observando em
seu rosto aquela mesma expressão contraída e os dentinhos que já começavam a
morder o canto do lábio inferior, disse para animá-lo:
– Ei, não se
preocupe! Encontraremos um meio de sairmos dessa! Partiremos logo pela manhã.
Desanimado, Camilo
murmurou:
– Não adianta! As
pegadas que Raio de Sol deixa são muito fundas; não conseguiremos apagar todas
elas.
– Daremos um jeito!
– Não percebe que
estaremos em desvantagem, se tentarmos fugir? É melhor ficarmos.
– É loucura! Seremos
massacrados.
Camilo, após alguns
minutos de reflexão, finalmente concordou:
– Está certo...
Partiremos pela manhã.
Sisi Marques
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