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domingo, 2 de março de 2014

CAIO E O DRAGÃO DOURADO – Parte 7

CAIO E O DRAGÃO DOURADO (Parte 7)


Após passar uma semana na companhia de Camilo e Raio de Sol, Caio decidiu voltar ao palácio da princesa Cândida para dizer-lhe:

– É exatamente como eu suspeitava: o dragão é manso. Se ele reage quando o importunam, é apenas para se defender.

A princesa respondeu com frieza:

– Se o dragão é tão manso quanto você diz, o que ficou fazendo você esse tempo todo que não aproveitou a oportunidade de cortar-lhe a cabeça, e trazê-la para mim?

Atordoado, Caio replicou:

– Creio que não entendeu o que eu...

Sem deixá-lo terminar, a princesa disse:

– É evidente que compreendi. Você é que parece não querer se casar comigo. Não se lembra de quando me prometeu que não pouparia esforços para satisfazer o meu menor desejo?!...

Caio, transtornado ao perceber que por trás da repentina doçura de Cândida não havia amor e sim o desejo de manipulá-lo, perguntou-lhe:

– O que é mais importante para você: casar-se comigo ou ter a cabeça do dragão dourado pendurada na parede do seu quarto?

– Por que escolher quando posso ter os dois: você e a cabeça do dragão?!...

Caio não gostou do que ouviu. Foi só naquele instante que percebeu o quanto havia se enganado em relação aos seus sentimentos por Cândida. O amor, como uma ave sem rumo, parecia ter partido, e deixado o coração de Caio no mais completo abandono.

Sem dizer uma palavra, Caio virou-lhe as costas e caminhou em direção à porta. Antes de partir, ele pôde ouvi-la dizer:

– Se não quer o meu amor, não terá mais nada! Todos os seus bens serão confiscados, e o meu coração pertencerá àquele que tiver a coragem de fazer o que você deveria ter feito.

A esmagadora certeza de que Raio de Sol corria perigo preencheu o vazio no coração de Caio. Era difícil de explicar como, de um momento para outro, ele começara a sentir tanto carinho pelo gigantesco animal.

Quando Caio retornou à caverna onde o dragão se escondia, disse a Camilo:

– Precisamos partir imediatamente. A princesa Cândida e eu desmanchamos nosso compromisso, e receio que ela desconte toda a sua ira em Raio de Sol. Ela sabe que esse seria o único modo de me atingir.

Camilo não disse nada. Parecia preocupado.

Caio, observando em seu rosto aquela mesma expressão contraída e os dentinhos que já começavam a morder o canto do lábio inferior, disse para animá-lo:

– Ei, não se preocupe! Encontraremos um meio de sairmos dessa! Partiremos logo pela manhã.

Desanimado, Camilo murmurou:

– Não adianta! As pegadas que Raio de Sol deixa são muito fundas; não conseguiremos apagar todas elas.

– Daremos um jeito!

– Não percebe que estaremos em desvantagem, se tentarmos fugir? É melhor ficarmos.

– É loucura! Seremos massacrados.
Camilo, após alguns minutos de reflexão, finalmente concordou:

– Está certo... Partiremos pela manhã.


Sisi Marques

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